All About Islam and its Principles Portuguese Language Tudo sobre o Islã Uma Introdução ao Islão e aos seus Princípios
O Islão é…
Por: Pete Seda
Uma Introdução ao Islão e aos seus Princípios
Versão Portuguesa: M.
Yiossuf M. Adamdy
Revisão: Lic. Muhammad Isa García
ÍNDICE
o
Introdução
o
O que é o Islão?
o
O Monoteísmo
o
A Unicidade de Deus em sua
Soberania (Omnipotência)
o
A Devoção de toda a
Adoração ao Deus Único
o
A Unicidade e Singularidade
de Deus nos Seus Nomes e Atributos
o
Os Seis Artigos de Fé
o
Acreditar em Deus
o
Acreditar nos Seus Anjos
o
Acreditar nos Seus Livros
o
Acreditar nos Seus Profetas
e Mensageiros
o
Acreditar no Dia do Juízo
Final
o
Acreditar na Predestinação
o
O Livre Arbítrio dos Seres
Humanos
o
Não existe Compulsão alguma na
Religião
o
Os Cinco Pilares do Islão
o
A Declaração de Fé (Shahaadah)
o
Orar Cinco Vezes ao Dia (Salah)
o
Jejuar durante o Ramadão (Sawm)
o
Pagar as Esmolas Anuais (Zakah)
o
Ir em Peregrinação a Meca (Hajj)
o
O Alcorão
o
O Profeta Muhammad e a sua Suna (r)
o
Os Perigos das Inovações
Introduzidas no Islão
o
A História de Adão e Eva
o
Jesus (u)
o
Pecado e Arrependimento
o
A Estrutura Organizacional do
Islão
o
A Lei Islâmica
o
As Vestes Islâmicas
o
As Mulheres no Islão
o
O Chauvinismo Masculino e o Mundo
Muçulmano
o
Ciência e Tecnologia
o
Resumo
o
Nota do Editor
All About Islam Introduction & its Principles in Portuguese Language Tudo sobre o Islã Uma Introdução ao Islão e aos seus Princípios
Introdução
O objectivo deste livro consiste em apresentar os
verdadeiros ensinamentos do Islão. Não apresentamos qualquer versão específica
ou uma interpretação única do Islão. Apresentamos o Islão como este é, sem
embelezamentos, e permitimos-lhe defender-se pelos seus próprios méritos.
Existe um único Islão, assim como existe um único exemplo de como este deve ser
vivido – e que é o do Profeta Muhammad (r)[1]. É
nossa intenção proporcionar uma visão geral dos principais dogmas do Islão,
conforme constam do Alcorão e explicados pelo Profeta (r). Pretendemos também responder a algumas das
questões mais comummente colocadas relativas ao Islão.
Não obstante o facto de um quinto da população
mundial ser Muçulmana, o Islão é, muitas vezes, mal compreendido e interpretado
pelas sociedades Ocidentais contem-porâneas. Esperamos que este livro ajude a
compreender o Islão, conforme este foi divinamente transmitido a Muhammad (r), e ajude a dissipar qualquer concepção errónea
perpetuadora de preconceitos e ódios. Escrevemos este livro, na esperança de
que pessoas de todas as fés se juntem a nós, de modo a fazermos deste mundo, um
mundo de tolerância, bondade, compreensão e paz.
O que é o Islão?
Literalmente, a palavra Árabe “Islão” significa “entrega” ou “submissão”. O Islão, enquanto fé,
significa entrega total e sincera a Deus, de modo a que seja possível à pessoa
viver em paz e tranquilidade. A paz (Salam
em Árabe, Shalom em Hebraico) é
alcançada por meio de uma forte obediência aos mandamentos revelados por Deus,
visto Deus ser o Justo, a Paz [2].
O significado do nome “Islão”[3]
é universal. O Islão não foi assim nomeado devido a uma pessoa ou a uma tribo,
como sucedeu com o Judaísmo, que deve o nome à Tribo de Judá, o Cristianismo,
que surgiu depois de Cristo, ou o Budismo, que procedeu a Buda. O nome Islão
não foi escolhido pelos seres humanos; foi divinamente transmitido por Deus.
Trata-se de uma fé global, que não pertence ao Oriente ou ao Ocidente. É um
modo de vida completo, que implica a total submissão a Deus. Aquele ou aquela
que, voluntariamente[4],
submete a sua vontade a Deus, é chamado Muçulmano. Não foi Muhammad (r), mas sim Adão (u)[5], quem
primeiro transmitiu o Islão à Humanidade. Posteriormente, cada um dos Profetas
e Mensageiros que se lhe seguiu, exortou o povo a compreender de forma
inequívoca os mandamentos de Deus. Para o conseguirem, usaram ensinamentos
relevantes adequados à época em que viviam, até que Deus escolheu o último dos
Profetas, Muhammad (r), que trouxe consigo o Último
Testamento, conhecido pelo nome de “O Alcorão”.
Em Arábico, o nome “Allah” significa “O Único Deus Verdadeiro”, o nome adequado Àquele
que criou os Céus e a Terra. Judeus e Cristãos que falam Árabe referem-se
igualmente a Deus pelo nome de Allah. Para um Muçulmano, Allah é o maior e mais
abrangente nome de Deus, referindo-se Àquele que é adorado quando se presta
culto, Aquele que criou tudo o que existe.
O Monoteísmo
O conceito de monoteísmo (conhecido pelo nome de “tawhid” em Árabe) é o mais importante
dos conceitos do Islão. O monoteísmo aponta para o primeiro dos Dez Mandamentos
e, no Islão, tudo se constrói em torno da unicidade de Deus. O Islão exorta a
Humanidade a afastar-se da adoração a qualquer obra da criação, convidando-a,
sim, a adorar o Único Deus Verdadeiro. Caso o conceito de monoteísmo esteja
comprometido, acto algum de adoração ou veneração possui qualquer tipo de valor
ou significado.
Dada a sua importância, o conceito de monoteísmo
(unicidade e singularidade divinas) deve ser compreendido na sua totalidade, e
de forma adequada. De modo a facilitarmos o debate, o monoteísmo pode ser visto
de acordo com as seguintes três perspectivas:
- A
Unicidade de Deus em Sua Soberania (Omnipotência);
- A
Devoção de toda a adoração ao Deus Único;
- A Unicidade e Singularidade de Deus nos
Seus Nomes e Atributos.
De modo algum esta enumeração representa a única via
de acesso à abordagem de que Deus é Único e apenas Um. Contudo, permite que o
tema seja mais facilmente analisado e discutido (o monoteísmo é a chave para a
compreensão do Islão, sendo recomendado que se reveja este conceito).
A Unicidade de Deus na Sua Soberania
A Unicidade de Deus na Sua Soberania significa que
Deus, o Criador Original dos Céus e da Terra, possui absoluto e perfeito
domínio sobre todo o Universo. Unicamente Ele é o Criador de todas as coisas. A
Ele somente se deve tudo aquilo que acontece. É Ele Aquele que proporciona todo
o alimento e determina a vida e a morte. Ele é o Poderoso, o Omnipotente,
perfeito em todas as coisas e sem defeito algum. Ninguém partilha com Ele o Seu
domínio. Ser algum pode resistir à Sua Predestinação. Ele é Aquele que criou cada um de nós, que o fez a
partir de uma única célula, tornando-nos naquilo que somos. Ele é Aquele que
criou mais de cem biliões de galáxias, que criou cada electrão, neutrão e quark constituinte destes. A Ele se deve
o facto de que, tudo aquilo que existe, assim como as leis da natureza, se
mantenham em perfeita ordem.. Não cai uma folha sem que Ele assim o permita.
Tudo o que existe é mantido num registo preciso.
Ele é, de longe, muito superior ao que podemos
imaginar. Ele é de tal modo poderoso que, para criar algo, limita-se a dizer
simplesmente: “Existe!”, e assim acontece. A Ele se deve a criação de todos os
mundos conhecidos e desconhecidos, não obstante o facto d’Ele não ser parte de
nenhum deles. Muitos dos credos existentes reconhecem que o Criador do Universo
é um só, sem outro igual. O Islão engloba o conhecimento de que Deus não é
parte da Sua criação, e que nada da Sua criação partilha do Seu poder.
No Islão, acreditar que alguma das criações de Deus
partilha do Seu poder ou atributos é considerado politeísmo e falta de fé.
Exemplo destas falsas crenças seria acreditar que cartomantes ou astrólogos
podem predizer o futuro; Deus, o Todo Sapiente, diz que somente Ele possui o
conhecimento do futuro. Apenas o Divino pode oferecer ajuda divina. Ser algum,
com excepção de Deus, possui a capacidade de conceder ajuda ou orientação
divina. Acreditar que feitiços ou talismãs para atrair a boa sorte possuem
algum tipo de poder, é tido como uma forma de politeísmo. Tais conceitos são
negados pelo Islão.
A Devoção de toda a Adoração ao Deus
Único
Somente a Deus, o Apreciativo, deve ser prestado
culto. Isto foi anunciado por todos os Profetas e Mensageiros do Islão, os
quais foram enviados por Deus ao longo dos tempos, e é esta a crença
fundamental do Islão. Deus diz-nos que o objectivo da criação da Humanidade é o
de O adorarmos. O objectivo do Islão é o de afastar as pessoas da adoração à
criação, encaminhando-as em direcção ao Criador, a quem unicamente se deve
prestar culto.
É aqui que o Islão difere das outras religiões. Não
obstante o facto da grande maioria das religiões ensinar que existe um criador,
o qual é responsável pela criação de tudo o que existe, raramente elas estão
livres de alguma espécie de politeísmo (idolatria), isto no que respeita ao
culto. Estas religiões, ou convidam os seus fiéis a adorar outros seres para
além de Deus (embora, normalmente, coloquem estes outros deuses a um nível mais
baixo do que Deus, que é O Criador), ou, então, exigem que os seus seguidores
confiem em outros seres, como intermediários entre eles e Deus.
Todos os Profetas e Mensageiros de Deus, desde Adão (u) a Muhammad (r), instigaram as pessoas a adorar unicamente a Deus,
sem Lhe conferirem associados e sem a necessidade de intermediários. Esta é
mais pura, simples e natural das fés. O Islão rejeita a noção defendida pelos
antropologistas culturais de que a religião inicial dos seres humanos era o
politeísmo – a qual, gradualmente, foi desenvolvendo-se para o monoteísmo. Na
verdade, os Muçulmanos acreditam justamente no contrário, ou seja, que as
culturas humanas regrediram para a idolatria durante os intervalos de tempo
existentes entre os vários Mensageiros de Deus. Mesmo enquanto os Mensageiros
estavam entre os povos, foram várias as pessoas que resistiram ao seu chamado e
praticaram a idolatria, não obstante os avisos recebidos. Subsequentes
Mensageiros foram enviados por Deus, com a missão de as trazer de volta ao
monoteísmo.
Deus criou os seres humanos com a inclinação natural
e inata para O adorarem, e a Ele somente. Contudo, Satanás faz o possível e o
impossível para afastar as pessoas do monoteísmo, seduzindo a Humanidade para a
adoração de coisas criadas (idolatria). A grande maioria das pessoas tem
tendência a centralizar a sua devoção em algo que pode visualizar, algo de
imaginável, não obstante o facto de possuírem o conhecimento instintivo de que
o Criador do Universo é, de longe, muito superior àquilo que conseguem
imaginar. Ao longo da história humana, Deus enviou uma sucessão de Profetas e
Mensageiros, para que estes chamassem os povos de volta ao culto prestado ao
Deus Único e Verdadeiro. Devido à sedução exercida por Satanás, as pessoas
desviam-se constantemente para a adoração de coisas criadas (idolatria e
politeísmo).
Deus criou os seres humanos para O adorarem, a Ele
somente. No Islão, o maior dos pecados possíveis de cometer, é o de adorar algo
ou alguém que não Deus, mesmo que o adorador pretenda aproximar-se de Deus,
oferecendo a sua devoção a outro ser. Deus, o Suficiente, não necessita de
intercessores ou intermediários. Ele ouve todas preces e possui perfeito
conhecimento de tudo o que acontece.
Ao mesmo tempo, Deus não necessita que Lhe prestemos
culto, mas diz sentir-Se agradado se o fizermos. Ele é completamente
independente de todas as coisas, enquanto que toda a criação é dependente
d’Ele. Se todas as pessoas do Mundo se juntassem para, conjuntamente, adorarem
somente a Deus, isso em nada beneficiaria a Deus, não acrescentaria um único
átomo ao Seu majestoso domínio. Do mesmo modo, se toda a criação deixasse de
adorar a Deus, isso em nada diminuiria o Seu domínio. Ao adorarmos a Deus,
beneficiamos as nossas próprias almas e cumprimos o nobre objectivo para o qual
fomos criados. Deus não possui necessidades algumas; Ele é o Eterno, o Absoluto.
O acto de prestar culto não se resume unicamente às
práticas ou cerimónias religiosas tradicionais. O conceito de prestar culto é
abrangente. Mudar uma fralda, honrar e cuidar de pai e mãe, apanhar um pedaço
de vidro partido do passeio – tudo isto podem ser formas de adoração, caso
sejam feitas com o intuito de agradarmos a Deus. Se alguma espécie de
conquista, seja riqueza, trabalho, poder ou reconhecimento, tornar-se mais
importante do que agradar a Deus, também isso acaba por ser uma forma de
politeísmo.
A Unicidade e Singularidade de Deus nos
Seus Nomes e Atributos
A unicidade e singularidade de Deus nos Seus nomes e
atributos indica que Deus não partilha os seus atributos com seres criados, e
nem que estes os partilham com Ele. Deus é único em todas as formas. De modo
algum Ele pode ser limitado, visto Ele ser o Criador de todas as coisas. Deus,
o Grandioso, diz o
seguinte:
«Deus! Não há outra divindade Além d’Ele,
o Vivo, o Absoluto. D'Ele não se apossam nem o repouso nem o sono. Pertence-Lhe
tudo o que existe nos céus e na terra. Quem poderá interceder perante Ele sem a
Sua permissão? Ele conhece o que está em frente deles (seres vivos) e o que
está por trás deles. E ninguém pode aperceber-se dos Seus conhecimentos, salvo
daquilo que Ele quiser. O Seu Trono abrange os céus e a terra, cuja preservação
não Lhe causa qualquer fadiga, pois Ele ó o Altíssimo, o Glorioso.» [Alcorão, 2 : 255]
No Islão, é proibido atribuir a Deus características
da Sua criação. Os únicos atributos que Lhe podem ser imputados, são aqueles
que Ele Mesmo revelou no Alcorão, ou os utilizados pelo Profeta (r) para O descreverem. Muitos dos nomes e atributos de
Deus parecem possuir equivalentes a nível humano, mas isto é apenas um reflexo
da língua humana. Os atributos de Deus, tal como o próprio Deus, são diferentes
de tudo aquilo que a nossa experiência pode abranger. Por exemplo, Deus possui
conhecimento divino. O Homem possui conhecimento. Contudo, o conhecimento de
Deus em nada se assemelha ao conhecimento dos seres humanos. O conhecimento de
Deus é ilimitado (Omnisciente, o Todo Sapiente). Não é um conhecimento aprendido ou adquirido. O
conhecimento de Deus envolve todas as coisas, sem aumentar ou diminuir. Por
outro lado, o conhecimento humano é adquirido e limitado, encontra-se em
constante mutação, aumentando ou diminuindo, e sujeito ao esquecimento e a
erros.
Deus, o Irresistível, possui vontade divina. Os seres humanos também
possuem vontade. A vontade de Deus acaba sempre por acontecer. Tal como o Seu
divino conhecimento, a Sua vontade abrange todas as coisas que Deus pretende
que venham acontecer na criação – passadas, presentes e futuras. A vontade
humana, por outro lado, não passa de uma intenção, de um desejo, que apenas
pode suceder se Deus assim o desejar.
Os atributos humanos não podem ser atribuídos a Deus.
Todos os atributos humanos são limitados. Deus não possui sexo, fraqueza ou
defeito. Deus está para além do atributo sexual atribuído ao ser humano e à
criação. Limitamo-nos a usar o pronome “Ele”, porque não existe um pronome
sexual neutro nos idiomas Português/Semita, obe-decendo-se às convenções da
língua Portuguesa. Quando no Alcorão utilizamos o “Nós” real em referência a
Deus, fazemo-lo por respeito, o que de modo algum implica pluralidade. Imputar
a Deus atributos de coisas criadas, é uma forma de politeísmo. Do mesmo modo o
é, atribuir a coisas criadas atributos que pertencem unicamente a Deus. Por
exemplo, pessoa alguma que acredite que ninguém mais, com excepção de Deus, é o
Todo Sapiente e o Todo Poderoso, comete o pecado do politeísmo.
«Abençoado seja o nome do teu Senhor, o
Majestoso, o Honorável.» [Alcorão, 55 : 78]
Os Seis Artigos de Fé
Existem determinados princípios em que a pessoa deve
acreditar, sem qualquer sombra de dúvida, de modo a que possa ser considerada
Muçulmana. Tais artigos de fé são os seguintes:
a)
Acreditar em Deus;
b)
Acreditar nos Seus Anjos;
c)
Acreditar nos Seus Livros;
d)
Acreditar nos Seus Profetas e Mensageiros;
e)
Acreditar no Dia do Juízo Final;
f)
Acreditar na Predestinação.
Acreditar em Deus
O Islão enfatiza o facto de que Deus é o Único, sem igual, o Envolvente de tudo o que existe, sendo único de todas as maneiras. Somente Deus, o mais Benevolente dos Benevolentes, tem o direito de ser adorado.
Acreditar nos Seus Anjos
Os Anjos são criações de Deus. Deus, O Criador,
criou-os a partir da luz. Os Anjos são poderosos, agindo sempre em conformidade
com o que é ordenado por Deus.
Deus revelou-nos os nomes e os deveres de alguns dos
Anjos. Os Muçulmanos devem acreditar na existência de Anjos. Gabriel e Miguel
encontram-se entre os Anjos mencionados no Alcorão. Por exemplo, é da
responsabilidade de Gabriel (u) transmitir a revelação de Deus
aos Profetas e Mensageiros.
Acreditar nos Seus Livros
Os Muçulmanos acreditam em todas as Escrituras
originais reveladas por Deus aos Seus Mensageiros. Um Muçulmano deve acreditar
em toda a Escritura mencionada por Deus no Alcorão. Deus, O Concessor, revelou
tais Escrituras, as quais eram, na sua forma original, as verdadeiras palavras
de Deus. As Escrituras mencionadas por Deus no Alcorão são as seguintes:
a)
Os Pergaminhos originais, conforme revelados a Abraão;
b)
A Tora original, conforme revelada a Moisés;
c)
Os Salmos originais, conforme revelados a David;
d)
O Injil original
(O Evangelho de Jesus), conforme revelado a Jesus[6];
e)
O Alcorão, conforme revelado a Muhammad (r) [o qual
encontra-se ainda na sua forma original].
Os Muçulmanos consideram que, as Escrituras reveladas
antes do Alcorão, e que se encontram presentemente em circulação na forma de
várias edições e versões, não constituem uma representação exacta das que foram
reveladas na sua forma original. Segundo o Alcorão, as pessoas distorceram
estas Escrituras em benefício próprio. Tais distorções aconteceram das mais
variadas formas, como, por exemplo, por meio de acréscimos ou eliminações de
textos, ou alterações a nível de significado ou língua. Estas alterações foram
adoptadas ao longo dos tempos e, o que permanece actualmente, é uma mistura do
texto divino original com interpretações e contaminações humanas. Não obstante
o facto dos Muçulmanos acreditarem em todos os livros previamente revelados,
aquele pelo qual avaliam diferentes assuntos e no qual procuram a orientação
última, é o Alcorão, assim como nas verdadeiras tradições do Profeta Muhammad (r).
Acreditar nos Seus Profetas e Mensageiros
Os Profetas e Mensageiros foram indivíduos que
receberam revelações de Deus e as transmitiram aos povos. Foram enviados para
conduzirem a Humanidade de volta ao monoteísmo, para servirem de exemplos vivos
de como se submeter a Deus, e para orientarem os povos em direcção ao caminho
da salvação. Nenhum dos Profetas ou Mensageiros partilhou, fosse de que forma
fosse, da divindade de Deus. Eles eram, unicamente, seres humanos. É proibido
aos Muçulmanos adorarem-nos ou usarem-nos como intermediários com Deus. Um
Muçulmano não deve, em momento algum, invocá-los, fazer-lhes súplicas ou
procurar a Misericórdia e o Perdão de Deus através deles. Por conseguinte, o
termo “Muhammadismo” (ou à portuguesa “Maometismo”) é um insulto e não deverá
nunca ser aplicado a um Muçulmano. Cada um dos Profetas e Mensageiros explicou
que, todos estes actos, são formas de politeísmo; e, quem quer que se envolva
em tais práticas, não pertence ao Islão.
Ao longo dos tempos, e a todos os lugares do Mundo,
Deus, o Concessor do Bem, enviou Profetas junto dos povos. Um Muçulmano deve
acreditar em todos os Profetas e Mensageiros enviados por Deus. Alguns deles
foram referidos por Deus, no Alcorão. Entre os nomes mencionados, constam o de
Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad (u)[7].
Todos os Profetas e Mensageiros de Deus transmitiram
os ensinamentos do Islão. Ao longo da História, todos os povos monoteístas, que
se submeteram à vontade de Deus e seguiram a revelação de Deus aos Profetas e
Mensageiros da sua época, são considerados Muçulmanos. O direito à herança de
Abraão é obtido, não só através da linhagem, sinão pela adesão à crença
monoteísta e submissão a Deus, conforme
praticadas pelo Profeta Abraão. Quando Moisés (u) surgiu e anunciou a sua Profecia, todos aqueles que
verdadeiramente o seguiram no monoteísmo, eram Muçulmanos. Do mesmo modo,
quando Jesus (u) surgiu e anunciou a sua Profecia,
acompanhada de milagres e sinais claros e evidentes, tornou-se obrigatório a
todos aqueles que pretendiam ser consi-derados Muçulmanos aceitarem-no
incondicionalmente. Para o Islão, todos aqueles que negaram a Jesus (u) tornaram-se descrentes, em virtude do acto de o
rejeitarem[8].
Rejeitar ou antipatizar com algum dos Mensageiros de Deus, desclassifica a
pessoa enquanto Muçulmana. É exigido aos Muçulmanos que amem e respeitem todos
os Profetas e Mensageiros de Deus, os quais chamaram a Humanidade a adorar
unicamente ao Criador, sem igualar outros a Ele. Todos os Profetas e
Mensageiros submeteram-se por inteiro a Deus, o que é considerado Islão.
Todos os Profetas, desde Adão (u) a Muhammad (r), eram irmão de fé. Todos eles chamaram as pessoas
para a mesma Verdade. Diferentes Mensageiros foram enviados com diferentes
conjuntos de leis transmitidas por Deus, para conduzir e orientar os povos,
mas, a essência dos seus ensinamentos era a mesma. Todos eles apelaram às
pessoas que se afastassem de adorar coisas criadas, e que adorassem unicamente
O Criador, O Supremo.
No Islão, é concedida a Muhammad (r) a distinção de ser o último Mensageiro de Deus e o
último dos Profetas[9].
Isto deve-se ao facto de, em primeiro lugar, Deus dar por completas as Suas
revelações à Humanidade e estas se encontrarem para sempre e perfeitamente
preservadas no Alcorão; e, em segundo lugar, por o Seu último Profeta e
Mensageiro (r) ter vivido uma vida exemplar
durante os vinte e três anos da sua Profecia, estabelecendo uma clara
orientação para todas as gerações consequentes. No Alcorão, Deus diz que,
depois dele, não virá nenhum outro Profeta ou Mensageiro. É por este motivo que
Muhammad (r) é conhecido como o último dos
Profetas. Isto significa que, a Lei Divina revelada e contida nos ensinamentos
do Profeta Muhammad (r), destina-se a toda a Humanidade
até ao Dia da Ressurreição (Dia do Juízo Final). Para se ser um crente, é
obrigatório acreditar em Muhammad (r) e nas leis que foram reveladas por seu intermédio, assim
como em todos os Profetas e Mensageiros (a paz esteja com eles) que o
antecederam. Há também que acreditar, obedecer e submeter-se a Deus,
Todo-Poderoso. Embora os Muçulmanos acreditem em todos os Profetas e
Mensageiros de Deus, eles seguem e imitam os ensinamentos e exemplos do último
Mensageiro, Muhammad (r). Relativamente a Muhammad (r), Deus, o Glorioso, disse o seguinte:
«E não te enviamos senão como misericórdia para a humanidade.» [Alcorão, 21 : 107]
Acreditar no Dia do Juízo Final
Os Muçulmanos devem acreditar, sem qualquer tipo de
dúvida, no Dia do Juízo Final e na ressurreição física, quando o corpo
ressuscitar e a alma se lhe reunir, por intermédio do poder infinito de Deus.
Assim como Deus, o Congregador da Humanidade, nos criou, Ele é, com toda a
certeza, a Ressurreição que nos trará de volta dos mortos, para nos
apresentarmos em perfeito juízo perante Ele. Após o Dia do Juízo Final, a morte
deixará de existir, e a nossa existência será para sempre. O Dia do Juízo Final
será aquele em que todos os indivíduos se apresentarão perante O Criador, e
serão questionados relativamente aos seus actos. Nesse importante dia, veremos
detalha-damente os resultados do mais pequeno bem que tenhamos feito, e do mais
pequeno mal que tenhamos praticado. Nesse dia, a mentira e o engano não serão
mais possíveis. A recompensa final será o Paraíso, assim como o castigo último
será o Inferno. O Céu e o Inferno são lugares literais que, na realidade
existem. Não são símbolos ou metáforas.
Deus, o Reconhecedor e Recompensador do Bem, descreve
o Paraíso (Jardim Celeste) como um local maravilhoso de prazer, de magníficos
jardins eternos, percorridos por rios. No Paraíso, o calor ou o frio, a doença,
a fadiga e o mal não existem. Deus, o Concessor da Segurança, removerá a doença
do coração e do corpo dos seus habitantes e, tudo aquilo que eles desejarem,
lhes será concedido. Àqueles que entrarem no Paraíso, será dito o seguinte: “Herdaste este Paraíso como resultado da misericórdia de Deus e dos teus
bons actos”. O maior dos prazeres do Além será
a possibilidade concedida ao crente de contemplar o rosto de Deus, o Altíssimo.
O facto de uma pessoa ser Muçulmana não lhe assegura o Paraíso, a menos que ela
morra em estado de Islão – submissão ao Deus Único.
Deus, o Avaliador, descreve o Inferno como um local eternamente
horrível, para além da nossa imaginação, onde o fogo é alimentado por Homens e
pedras. Quando Anjos implacáveis colocarem as pessoas no Inferno, dir-lhes-ão:
«Isto é o que vós costumáveis negar.» [Alcorão, 83 : 17]
Acreditamos que Deus é Todo Compassivo e Todo
Misericordioso; contudo, para aqueles que o merecem, Ele é também severo nos
Seus castigos.
A infinita justiça de Deus é absoluta e perfeita. No
Dia do Juízo Final, todos os actos serão revelados e todos serão justamente
tratados. Não entraremos no Paraíso somente devido aos nossos actos, mas também
por misericórdia de Deus.
Acreditar na Predestinação
Deus, na Sua Eternidade, sabe tudo o que acontece na
Sua criação. Da perspectiva de seres temporais como nós, isto significa que
Deus, o Que Tudo Observa, sabe tudo o que aconteceu no passado, o que acontece
no presente, e o que acontecerá no futuro. O conhecimento divino de Deus é perfeito.
Deus é Todo Sapiente, e tudo o que Ele sabe acabará por suceder.
Deus, o Dominador, possui absoluta soberania sobre a Sua criação. Tudo aquilo que existe dentro da Sua criação, e tudo aquilo que acontece, é resultado directo do que Ele cria. Tudo aquilo que acontece na criação é devido ao Seu poder, à Sua vontade e ao Seu conhecimento.
O Livre Arbítrio dos Seres Humanos
Um aspecto importante do Islão é o de que todos os
seres humanos possuem livre arbítrio para escolherem entre o bem e o mal. Deus,
o Concessor,
honrou a Humanidade com esta grandiosa oferenda. Contudo, esta acarreta
igualmente uma grande responsabilidade e, no Dia do Juízo Final, seremos
responsabilizados pelo uso que dela fizemos.
O livre arbítrio humano não contradiz, seja de que modo
for, o facto de que Deus, a Testemunha, sabe de tudo o que acontece na criação. Uma pessoa
pode dizer: “Se Deus sabe que vou pecar amanhã, então, é
inevitável que eu o faça, visto o conhecimento de Deus ser infalível e, o que
Deus sabe, acabará por acontecer”. O
conhecimento de Deus da decisão desta pessoa não significa que ela seja
obrigada a tornar real o que pensou fazer.
Do mesmo modo, o livre arbítrio humano não contraria a absoluta soberania de Deus sobre tudo o que existe na criação. E nem contradiz o facto de que, na criação, nada acontece, senão o que Deus deseja. Uma pessoa pode dizer: “Assim sendo, eu não possuo livre arbítrio algum. O meu livre arbítrio não é, senão uma ilusão”. Pelo contrário, Deus criou em nós a capacidade de formularmos intenções. Deus quer que consigamos fazer as nossas próprias escolhas. Quando uma pessoa faz uma escolha, Deus, por intermédio da Sua divina vontade, cria as acções e as circunstâncias que permitem a concretização da intenção da pessoa. É da vontade de Deus que os seres humanos possuam livre arbítrio. Nem sempre Deus se sente agradado com as decisões tomadas pelos seres humanos, mas Ele quer que lhes seja possível tomar estas decisões por sua livre escolha. Um exemplo disto, é o facto de uma pessoa decidir praticar uma boa acção. Esta boa acção pode nunca ser levada a cabo, mas Deus pode recompensar a pessoa pela intenção que teve de a praticar. Caso a boa acção venha a suceder, foi porque Deus assim o permitiu, e Deus recompensará tanto a intenção, como a acção. Por outras palavras, Deus, o Julgador, pode recompensar-nos pelas boas acções que tenhamos pretendido concretizar, embora o não tenhamos feito; contudo, Ele não castigará as pessoas pelas suas más intenções, desde que não concretizadas.
Não existe Compulsão alguma na Religião
Tendo em conta a ênfase colocada no livre arbítrio
dos seres humanos, deduz-se que o Islão apenas pode ser aceite de livre
vontade. O objectivo da vida humana é adorar a Deus de livre vontade.
Consequentemente, os assuntos relacionados com a fé apenas têm valor, liberdade
de escolha. Caso uma pessoa seja coagida a aceitar uma religião, essa aceitação
é falsa e não possui valor algum. Deus, o Amável, diz o seguinte:
«Não há compulsão na religião. O caminho
verdadeiro já está distinto do errado; aquele que rejeita o sedutor (demónio) e
crê em Allah terá lançado mão de um sustentáculo firme, inquebrantável. E Allah
ouve e sabe tudo.» [Alcorão, 2 : 256]
Os Cinco Pilares do Islão
São cinco, os actos de adoração obrigatórios que
todos os Muçulmanos devem respeitosamente cumprir. Não os realizar representa
um grave pecado. A edificação do Islão assenta nestes cinco pilares. Caso uma
pessoa negue a obrigatoriedade de um deles, então, não pode ser considerada
Muçulmana.
As cinco obrigações dos Muçulmanos são as seguintes:
a)
A declaração de fé: “Testemunhar que não existe outra
divindade excepto Deus, e que Muhammad é o Seu Mensageiro” (Shahaadah);
b)
Orar cinco vezes ao dia (Salah);
c)
Pagar as esmolas anuais (Zakah);
d)
Jejuar durante o mês do Ramadão (Sawm);
e)
Ir em Peregrinação a Meca (Hajj).
A Declaração de Fé (Shahaadah)
É obrigatório a toda a pessoa que pretende aderir ao
Islão, acreditar e dizer: “Tes- temunho que não existe outra divindade excepto
Deus, e que Muhammad é o Seu Mensageiro”. Com esta simples, mas importante e
poderosa declaração, a pessoa é considerada Muçulmana. Não existe iniciação
alguma no seio do Islão.
Os conceitos contidos no testemunho de fé podem ser
explicados pela análise de cada uma das três partes que o constituem. A primeira
parte, “Outra divindade…”, é uma negação do politeísmo[10]. É
uma negação da existência de qualquer divindade verdadeira, a não ser Deus, ou
de qualquer entidade que partilhe de algum dos atributos de Deus. A segunda
parte, “…excepto Deus”, é uma afirmação do monoteísmo. Deus é o único a Quem deve
ser prestado culto.
“Muhammad é o Mensageiro de Deus” constitui a terceira parte da declaração de fé. Trata-se
de uma afirmação da Profecia de Muhammad (r), como o último dos Profetas e Mensageiros de Deus[11]. Isto
exige a aceitação incondicional do Alcorão e do que verdadeiramente foi dito
por Muhammad (r), assim como as suas tradições.
Ao acreditar e ao proclamar o testemunho de fé, a
pessoa rejeita todos os falsos objectos de adoração, afirmando que Deus é o único
a Quem deve ser prestado culto. Deus não possui igual ou associado. Deus
promete que, assim que a pessoa afirmar e dizer sinceramente: “Testemunho que não existe outra divindade, excepto Deus, e que Muhammad
é o Seu Mensageiro”, todos os seus pecados anteriores
serão perdoados. Do mesmo modo, também os seus bons actos antes praticados
poderão ser recom-pensados por Deus, o Complacente.
Orar Cinco Vezes ao Dia (Salah)
É exigido ao Muçulmano que realize cinco orações
diárias obrigatórias. Um Mu-çulmano vira-se para Makkah (Meca), enquanto realiza estas orações, direccionando-se
para a primeira Casa construída para adorar ao Deus Único. A esta Casa é dado o
nome de Ka’aba, uma estrutura vazia
em forma de cubo, localizada no país que é agora a Arábia Saudita. A Casa foi
erguida por Abraão (a.s) e pelo seu filho, Ismael (u), para adorar o Deus Único e Verdadeiro.
Há que ter em conta que o Islão não possui quaisquer
símbolos ou relíquias sagradas. Nós não adoramos a Ka’aba; adoramos simplesmente a Deus quando nos direc-cionamos para
a Ka’aba. Direccionarem-se para a Ka’aba une os fiéis nas suas orações ao
Deus Único. Considera-se que, adorar a Ka’aba
ou qualquer outra coisa criada, é prestar culto a um ídolo. De modo mais claro,
os materiais utilizados para a construção desta Casa não são mais sagrados do
que quaisquer outros, utilizados para a construção de um outro edifício
qualquer.
Estas orações ocorrem durante o dia e durante a
noite, e são uma constante lembrança do dever humano e da sua submissão a Deus.
As orações representam um elo directo entre o fiel e Deus. Constituem uma
oportunidade para que este regresse a Deus, enquanto Lhe presta culto, para
agradecer, pedir perdão e suplicar pela Sua orientação e misericórdia.
Um Muçulmano pode, voluntariamente, orar mais vezes.
As orações, no sentido geral de súplicas, podem, praticamente, ser oferecidas
em qualquer momento e lugar.
Pagar as Esmolas Anuais (Zakah)
É dever religioso de todo o Muçulmano,
suficientemente próspero para acumular e reter lucros, dar parte dos seus
ganhos anuais aos mais necessitados. Estas esmolas têm o nome de Zakah em Árabe, o que, literalmente,
significa “purificação”. Todas as coisas pertencem a Deus, o Misericordioso, e a riqueza é tida como certa
pelos seres huma-nos. O pagamento destas esmolas é uma forma que as pessoas
financeiramente estáveis têm, de purificarem os lucros honestos que Deus lhes
concedeu. Além disso, constitui um meio de, directamente, distribuir a riqueza
pela sociedade, ajudando os pobres e necessitados. A Zakah (esmolas) purificam também a alma daquele que dá, diminui a
ganância e fortalece a compaixão e a generosidade entre a Humanidade. O valor
médio destas esmolas é de dois e meio por cento das poupanças acumuladas
durante um ano. Estas esmolas são deduzidas das poupanças, não dos rendimentos e salários.
Jejuar durante o Ramadão (Sawm)
Um Muçulmano púbere, fisicamente apto a fazê-lo, deve
jejuar durante o mês lunar do Ramadão. Trata-se de um mês significativo, visto
ser o mês em que ocorreu a primeira revelação do Alcorão a Muhammad (r). Dado um ano no calendário lunar ter onze dias a
menos do que no calendário solar, gradualmente, o mês do Ramadão ocorre em
todas as estações do ano. Do mesmo modo que a doação de esmolas é uma forma de
purificar a riqueza, jejuar é uma forma de auto-purificação. O jejum tem início
ao amanhecer e termina ao pôr-do-sol, da hora local. Durante as horas diurnas,
a pessoa que jejua deve abster-se de comer, beber e manter relações sexuais com
o cônjuge [12].
Estas actividades são permitidas desde o pôr-do-sol até ao amanhecer seguinte.
O acto de jejuar ensina a pessoa a ter paciência e auto-controlo. Tal como
orar, jejuar é uma forma de voltarmos a Deus, em sincera adoração. Os dois
feriados Muçulmanos são, o ‘Eid Al-Fitre,
celebrado no fim do Ramadão, e o ‘Eid
Al-Adha, celebrado no fim da Hajj (Peregrinação
a Meca). Jejuar lembra-nos as condições em que vivem os necessitados,
levando-nos a apreciar as mais simples das benções, as quais frequen-temente
temos como certas, como é o caso de beber um simples copo de água e comer à
vontade.
Ir em Peregrinação a Meca
Caso tenha possibilidade e meios para o fazer, todo o
Muçulmano é obrigado a ir em peregrinação à Ka’aba,
em Meca, uma vez na vida. Muçulmanos vindos de todas as partes do Mundo
reúnem-se, com o objectivo de adorar e agradar a Deus. Anualmente, milhões de
peregrinos visitam a Ka’aba e
realizam a Hajj (Peregrinação a
Meca).
O ritual da Hajj
teve origem com o Profeta Abraão (u) e foi retomado por Muhammad (r). A peregrinação a Meca obriga os peregrinos a
quebrarem as barreiras raciais, económicas e sociais que ainda possam existir
nas suas sociedades. Constitui também um convite a cada peregrino a praticar a
paciência, o auto-domínio e a piedade. Os peregrinos envergam vestes simples,
que anulam as distinções de classe e cultura. Cada um destes actos obrigatórios
de adoração mantém viva a lembrança de Deus, e lembra a todos os Muçulmanos que
provimos de Deus, e a Deus regressamos.
O Alcorão
O Alcorão é o registo final, infalível, directo e
completo das palavras exactas de Deus, transmitidas pelo Anjo Gabriel[13] e
firmemente implantadas no coração do último dos Seus Profetas e Mensageiros,
Muhammad (r). Foram muitos os companheiros de
Muhammad (r) que aprenderam e memorizaram o
Alcorão, transmitindo-o de geração em geração, até chegar a nós, primeiro, por
via oral e, depois, escrita.
Os livros que precederam o Alcorão, transmitidos
pelos Profetas e Mensageiros (u) de Deus, foram também enviados
por Este. Ao revelar o Alcorão, a mensagem de Deus foi restaurada e
clarificada. O Alcorão é único em várias maneiras. Deus, o Guardião, preservou perfeitamente o Alcorão
da corrupção, assegurando que esta o não atingisse até ao fim dos tempos. Este
Livro é tido, não apenas pelos Muçulmanos, mas também pelos historiadores da
religião, como o mais autêntico de entre os textos religiosos de todas as
religiões[14].
Nenhum dos outros livros revelados chegou até nós na sua forma ou língua
originais. A alguns deles, como é o caso dos pergaminhos revelados à Abraão (u), nem sequer tivemos acesso. Ao longo dos tempos,
partes das outras Escrituras foram reescritas e, outras, eliminadas,
distorcendo a mensagem original.
Deus não permitiu que esta contaminação atingisse o
Alcorão, visto este tratar-se do Seu Último Livro, destinado a toda a
Humanidade, até ao Dia do Juízo Final. Nenhum outro Profeta ou Mensageiro será
enviado. Se Deus não tivesse protegido o Alcorão, este nunca teria chegado até
nós na sua forma original. Por este motivo, Deus não confiou aos seres humanos
a preservação do Alcorão[15].
Visto Deus ter continuado a enviar uma sucessão de
Profetas e Mensageiros, a preservação divina das primeiras Escrituras não foi
tão importante. A lei contida nessas Escrituras mais antigas não se encontrava
ainda na sua forma final. Por ordem de Deus, Jesus (u) introduziu modificações nessa lei. Exemplo dessas
modificações, é o facto de ter tornado legítimas algumas coisas antes
consideradas proibidas, sem introduzir qualquer alteração no conceito
fundamental de monoteísmo.
Uma outra qualidade única do Alcorão é o facto deste
ser um milagre impressionante em si e por si mesmo. Milagre é um fenómeno que
vai contra a ordem natural das coisas e manifesta claramente a intervenção de
Deus, o Todo-Poderoso.
Todos os Profetas e Mensageiros foram portadores de
milagres de Deus, os quais evidenciavam claramente a veracidade das suas
Profecias. Abraão (u) sobreviveu sem mácula, ao facto
de ter sido atirado a um fogo ardente. Moisés (a.s) ergueu o seu bastão, e as
águas do mar dividiram-se, por misericórdia de Deus. Jesus (u), filho de Maria, tocava nos mortos e em doentes
terminais, e trazia-os de volta à vida, completamente saudáveis, com a permissão de Deus. Todos estes milagres
revelavam a legitimidade e validade dos Profetas e Mensageiros, mas estes
milagres apenas foram testemunhados pelas pessoas que então se encontravam
presentes.
Embora a Profecia de Muhammad (r) fosse igualmente confirmada por vários
acontecimentos milagrosos, de todos eles, o mais importante é, de longe, o
Glorioso Alcorão. Deus intima todos aqueles que duvidam da autenticidade do
Alcorão, a apresentarem um único capítulo similar aos deste Livro. (Há que
realçar que o mais pequeno dos capítulos do Alcorão é composto por apenas três
versículos). Isto nunca foi feito por nenhum ser humano, embora, ao longo da
História, muitas tenham sido as pessoas que pretenderam desacreditar o Alcorão
e erradicar o Islão. O desafio lançado por Deus permanece em aberto até ao Dia
do Juízo Final. Um dos milagres do Alcorão é o facto deste ser o auge da
literatura por excelência. Realmente, este encontra-se escrito na mais
eloquente prosa Árabe alguma vez vista. O seu estilo não tem igual no idioma
Árabe, trata-se de um estilo inimitável. O Alcorão destina-se a todos os povos,
e encontra-se-nos disponível na língua Árabe original e actual, a qual é ainda
extremamente falada em vários países do Mundo, por milhões de pessoas. Os
textos originais de muitas outras religiões perderam-se ao longo dos tempos, e
encontram-se, actualmente, escritos em idiomas que não são mais comummente
falados.
Nem uma única palavra do Alcorão é da autoria de
Muhammad (r). Todas as palavras que o compõem
provêem de Deus. Na verdade, Muhammad (r) não sabia ler nem escrever. O Profeta (r) recitava o Alcorão exactamente como este lhe era
revelado pelo Anjo Gabriel (u), enquanto que os seus
Companheiros, obedecendo a instruções suas, o escreviam e memorizavam. O
Alcorão é o discurso directo de Deus. Consequentemente, o Alcorão é o Único
Livro de que dispomos actualmente da autoria unicamente de Deus. Não existem
outras versões do Alcorão. Não obstante o facto de existirem muitas traduções
do Alcorão, nem de perto estas são tão magníficas e lindas como o texto Árabe
original. Apresenta-se, a seguir, um simples exemplo, composto pelo significado
dado na tradução Portuguesa a um versículo do capítulo 112:
“Em nome de Deus, o Beneficente, o
Misericordioso. Dizei: Ele é Deus, o Único e Verdadeiro; Deus, o Eterno, o
Absoluto; Ele não foi gerado nem gerou; e não existe outro a Ele comparável.”
O Profeta Muhammad (r) e a sua Suna (ár. Sunnah)
Muhammad (r) nasceu no ano 570 D.C., provindo da honrosa linhagem de
dois dos maiores Profetas de Deus: Abraão (u) e o seu filho primogénito, Ismael (u). Muhammad (r) cresceu com o título de “o Confiável” e, aos
quarenta anos, foi escolhido por Deus para ser o Seu último Profeta e
Mensageiro.
A Suna refere-se ao que foi dito, praticado e
aprovado pelo Profeta Muhammad (r). Os relatos e narrações referentes à Suna são conhecidos
pelo nome de Hadice, tendo sido
recolhidos em livros bem conhecidos. Tal como o Alcorão, Muhammad (r) recebeu a Suna por inspiração divina. Ao contrário
do Alcorão, a Suna não é o discurso directo e literal de Deus. Os ensinamentos vieram de Deus (revelação
divina), mas as palavras foram as de Muhammad (r) [um exemplo para a Humanidade]. A Suna encontra-se
igualmente meticulosamente preservada.
É obrigatório aos Muçulmanos seguirem a Suna do
Profeta Muhammad (r). No Alcorão, Deus ordena aos
crentes que obedeçam ao Seu Mensageiro (o Seu represen-tante). Deus diz o
seguinte:
«Ó vós que credes! Obedecei a Deus, e
obedecei ao Mensageiro ...»
[Alcorão 4 : 59]
O objectivo da vida humana é servir e obedecer a
Deus, o que é conseguido seguindo-se as práticas e os ensinamentos do Profeta (r). Deus diz:
«Na verdade, tendes no Mensageiro de Deus
um excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o
Dia do Juízo Final, e invocam Deus frequentemente.» [Alcorão 33 : 21]
O Profeta (r) revelou aos Muçulmanos como deveriam concretizar todos os
aspectos da adoração a Deus. A sua morte sucedeu quando ele contava 63 anos de
idade (no ano 632 D.C.), tendo sido sepultado na sua casa, na cidade de Medina
(Yathrib). Foi sempre hábito seu
saudar e afastar-se dos seus Companheiros com saudações e invocações de paz, o
que é recomendado a todo o Muçulmano fazer. Em apenas um século, o Islão
espalhou-se por três continentes, desde a China e por toda a Ásia, ao longo de
África, chegando a Espanha, na Europa.
Os Perigos das Inovações Introduzidas no
Islão (Bid’ah)
Deus ordenou aos Muçulmanos que não se dividissem em
seitas. Em termos de religião e culto, as inovações e divisões no seio do Islão
são consideradas uma contaminação, um erro, uma transgressão. As primeiras
transgressões abomináveis ao monoteísmo, como, por exemplo, adorar coisas
criadas, tiveram como resultado a condenação de Deus. (Contudo, inovações em
outras áreas, como é o caso da Ciência e da Tecnologia para o melhoramento da
vida, são amplamente encorajadas). Deus, o Compassivo, disse-nos, por intermédio do Seu último Profeta,
Muhammad (r), e quando este estava próximo do
fim, que a religião do Islão estava completa. É imperioso que os Muçulmanos
reconheçam que, qualquer alteração em matéria de culto, é estritamente
proibida. Qualquer inovação introduzida pela Humanidade, a qual se encontra
cons-tantemente sob a influência de Satanás, não poderá nunca acrescentar algo
de positivo ao Alcorão, contribuindo apenas para a degradação da religião
perfeita e completa, estabelecida por Deus. Todas as inovações em questões de
religião levam ao desen-caminho, e todo o desencaminho conduz ao Inferno. As
pessoas devem impedir toda e qualquer transgressão (adição ou eliminação), por
mais pequena que seja, em questões de culto[16].
Caso sejam permitidas algumas alterações, estas transgressões serão aceites
pelas futuras gerações, o que resultará numa outra religião fabricada pelo
Homem, não sendo mais o Islão perfeitamente preservado por Deus, o Verdadeiro. O acto de construir uma religião usando uma
abordagem tipo “carrinho de compras”, onde se transporta apenas o que
verdadeiramente está de acordo com os interesses humanos, acrescentando ou
eliminando o que os possa contrariar, ou seguindo-se cegamente o líder de uma
qualquer religião, tratam-se de estratégias inadmissíveis.
A alteração das leis de Deus é proibida pelo Islão.
Deus condena os líderes religiosos que alteram os princípios divinos. Quem
tentar introduzir inovações, colocando-se ao mesmo nível de Deus, comete
politeísmo. Exemplo disto, seria tornar legítimo o assassinato de inocentes. As
Leis de Deus são perfeitas e não necessitam de ser “modernizadas” por ninguém.
Deus concede-nos liberdade para obedecer ou desobe-decer, escolhendo seguir a
Sua fé ou os nossos próprios desejos. Contudo, proíbe-nos de modificar os Seus
princípios religiosos.
(Interessa referir que a lua crescente não é
representativa da religião Islâmica, visto o Profeta Muhammad (r) nunca a ter usado ou a ter mencionado. Trata-se de
um símbolo pagão, uma inovação introduzida por gerações procedentes, na
qualidade de símbolo político. Infelizmente, é comummente adoptado e confundido
com um símbolo do Islão).
A História de Adão e Eva
A história de Adão e Eva é referida no Alcorão. Não
obstante o facto de, em muitos aspectos, ser similar à referida nas
reminiscências das Antigas Escrituras, difere noutros deveras significativos.
Deus anunciou ao Anjos que havia colocado uma nova
espécie sobre a Terra. A partir do barro, Deus criou Adão (u), dando-lhe alma. Ensinou-lhe o nome de todas as
coisas, criando também a Eva, sua mulher, e dando-lhe igualmente alma. Deus
permitiu-lhes que vivessem livremente no Paraíso, dizendo aos Anjos: “Curvai-vos perante Adão” (O que
eles fizeram, não em acto de adoração, mas como forma de respeito). Satanás
estava presente entre os Anjos, embora não fosse um deles. Ele era um Jinn[17], uma
espécie de seres, criados por Deus antes de Adão (u), a partir de uma chama de fogo sem fumo, e que
dispunham de livre arbítrio. Quando Deus ordenou aos Anjos e àqueles que se
encontravam na sua companhia que se curvassem perante Adão (u), todos o fizeram, com excepção de Satanás, impedido
pelo orgulho e pela arrogância. Satanás afirmava ser superior a Adão (u), visto ter sido criado a partir do fogo, enquanto
que Adão (u) o fora a partir do barro. De
facto, Satanás foi o primeiro racista da História.
Satanás caiu em desgraça perante Deus, o Avaliador, que o condenou pela sua
desobediência. Contudo, Satanás, o amaldiçoado, pediu a Deus que lhe concedesse
um adiamento até ao Dia do Juízo Final (Ressurreição), de modo a que lhe fosse
possível fazer de Adão (u) e dos seus descendentes indignos.
Satanás disse: “Na verdade,
desencaminhá-los-ei e, certamente, despertarei os seus desejos vãos”. Deus concedeu-lhe a prorrogação solicitada, como
tratando-se de um teste para a Humanidade. O que se passava é que Deus sabia
aquilo que Satanás desconhecia. Importa ter em conta que, de forma alguma,
jamais Satanás poderá “guerrear” com Deus, visto, como tudo o mais que existe,
ele é Sua criação. Satanás existe apenas por vontade de Deus, encontrando-se
completamente submetido ao Seu poder. Se Deus não quisesse que Satanás ou os
seus ajudantes existissem, ser-lhes-ia impossível continuar a existir, nem que
fosse por um só momento.
O Islão não concede que Satanás partilhe da divindade
de Deus, não lhe atribuindo quaisquer qualidades divinas ou celestes. O Islão
repele a ideia de que Satanás iniciou uma guerra com Deus, arrastando consigo
um terço das hostes dos Céus. Satanás é um inimigo confesso da Humanidade, mas
não passa de uma criatura, completamente dependente de Deus para a sua própria
existência.
Não obstante o orgulho, a maldição e o facto de ter
caído em desgraça perante Deus, Satanás serve um propósito. Deus pretende que
os seres humanos possam escolher livremente entre o bem e o mal, tendo-lhes
concedido uma capacidade inata para reconhecer o Criador e voltarem para Ele. É
suposto o ser humano ser bom por natureza, nascendo puro, em perfeito estado de
Islão (submissão). Satanás e as suas hostes comandam o mal, opondo-se ao bem,
procurando desencaminhar a Humanidade para a perversão e para a idolatria,
afastando-a do monoteísmo, da rectidão e do caminho de Deus. Deus, o Todo Sapiente, intima os Muçulmanos a seguirem o
bem e proíbe o mal. Em virtude do exercício do livre arbítrio com que foram
dotados, e resistindo às tentações de Satanás, os seres humanos podem alcançar
um elevado estado de honra.
O que se segue é um resumo do caminho percorrido por
Adão e Eva enquanto no Paraíso. Era-lhes concedida uma liberdade plena, e
viviam felizes. Deus disse-lhes que comessem da fruta do Jardim, e que dela
desfrutassem. Proibiu, contudo, que se aproximassem de uma árvore, avisando-os
que, caso desobedecessem, estariam entre os culpados. Satanás procurou-os e
desafiou-os, dizendo-lhes que Deus apenas os proibira de comer da árvore porque
isso os tornaria imortais ou iguais aos Anjos. Assim sendo, foram ambos
enganados por Satanás, e comeram da árvore.
Adão e Eva sentiram vergonha. Voltaram-se para Deus
em sincero arrependimento, e Deus, o Perdoante, o Beneficente, o Misericordioso, perdoou-os. O Islão rejeita claramente o conceito de
pecado original, ou a ideia de que todos os seres humanos nascem pecadores, em
virtude dos actos de Adão. Nunca um ser humano poderá ser responsabilizado
pelos actos de outro (porque Deus é o Justo). Todos os seres humanos são responsáveis pelos seus
próprios actos e nascem Muçulmanos (submissos à Vontadede Deus), puros e livres
do pecado. Importa referir que o Islão não culpabiliza Eva. Tanto Eva como Adão
dispunham de livre arbítrio. Ambos comeram da árvore. O pecado e a
desobediência de ambos tratou-se de uma iniciativa conjunta. O Islão rejeita a
ideia de que a mulher é um ser malévolo e sedutor, amaldiçoado com a
menstruação e as dores do parto, tudo devido ao pecado cometido por Eva.
Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso, fazendo-os
habitar sobre a Terra. Inicialmente, Deus dissera aos Anjos que colocara um
novo ser na Terra. A Terra é onde Deus, desde a criação, no seu conhecimento
infinito, pretendeu que permaneçamos.
Jesus (u)
Jesus (u) foi um dos Profetas e Mensageiros de Deus, que apelou
para a unicidade de Deus. Em momento algum, Jesus (u) reivindicou divindade para si mesmo, ou pediu para
ser adorado.
O seu nascimento deu-se de uma virgem. Este foi um
dos muitos milagres relacionados com Jesus (u) e permitidos por Deus. Jesus (u) nasceu sem pai. No Alcorão, Deus diz o seguinte:
«Na verdade, o caso de Jesus, perante Deus, é como o
caso de Adão; Ele criou-o do pó, e depois disse-lhe: "Sê", e ele
foi.» [Alcorão 3 : 59]
Deus criou Jesus (u), assim como criou tudo aquilo que existe na
criação. Jesus (u), Adão (u) e Eva são únicos, no modo como foram criados: Jesus
(u) nasceu sem pai; Adão e Eva foram criados sem pai e
sem mãe. Relativamente a nós, todos nós tivemos pai e mãe. Acreditar que Jesus
(u) é o filho de Deus, ou que Deus possui familiares,
como é o caso de um pai, de uma mãe, de um filho ou filha, é o mesmo que
atribuir o acto de procriação ao Criador[18]. Os
Muçulmanos acreditam que isto é politeísmo, o que é absolutamente proibido no
Islão. De modo idêntico, conceder atributos do Criador à Sua criação constitui
um grande pecado, o que, no Islão, encontra-se claramente em oposição ao
monoteísmo. Esta crença contradiz os ensinamentos de todos os Profetas e
Mensageiros de Deus[19].
Deus está para além de qualquer atributo humano ou criado. Jesus (u) é o Messias, o Cristo, a palavra de Deus, o
anunciado, enviado por Deus Misericordioso, enquanto Profeta e Mensageiro.
Deus diz-nos também que Jesus (u), filho de Maria, não está morto, que foi elevado à
Sua presença. Os Muçulmanos acreditam que o regresso de Jesus (u) será um dos sinais do Último Dia. Quando Jesus (u) voltar, não virá na qualidade de Profeta e
Mensageiro, portador de novas revelações. Pelo contrário, ele será o líder dos
fiéis e destruirá o anticristo, que tanto engano e mal terá provocado sobre a
Terra. Jesus (a.s) obedecerá à manifestação final da lei revelada a Muhammad (r).
Pecado e Arrependimento
Pecar é desobedecer consciente e deliberadamente a
Deus. O maior de todos os pecados é o politeísmo, embora a violação intencional
dos mandamentos de Deus seja igual-mente um acto pecaminoso. Deus, o Preventor, proibiu várias coisas que são
prejudiciais para o indivíduo ou para a sociedade. Exemplos de actos
pecaminosos são o assassinato, as agressões, o roubo, a fraude, a usura (nota
nº. 20), a fornicação, o adultério, a feitiçaria (nota nº. 17), o consumo de
álcool, comer carne de porco e o uso de drogas ilícitas.
O Islão rejeita a doutrina do pecado original. Ser
algum deverá ser responsabilizado pelos actos de outro, pois isto seria uma
grande injustiça, e Deus, o Misericordioso, é o Justo. Cada um de nós é responsável
perante Deus, Aquele que tudo vê, pelos nossos próprios actos. Contudo, caso
uma pessoa incite outra a pecar, então, ambas são casti-gáveis. Uma, merece
castigo por, na realidade, ter cometido o pecado; a outra, por a ter encorajado
a fazê-lo.
Quando uma pessoa peca, merece o castigo de Deus.
Felizmente, Deus é o Compassivo,
Aquele que perdoa frequentemente. Deus age com conhecimento e justiça
infinitos. Os Muçulmanos não acreditam que Jesus (u), filho de Maria, tenha morrido pelos pecados da
Humanidade. Deus, o Compassivo, perdoa quem quer. O acto de acreditar que tenha
sido necessário Jesus (u) sofrer e morrer para que os
nossos pecados fossem perdoados, é negar o poder e justiça infinitos de Deus. A
misericórdia de Deus é ilimitada.
Deus, o Respondente, promete-nos o perdão, caso nos voltemos para Ele,
em sincero arrependimento. O arrependimento é um assunto sério, é a maneira
pela qual a pessoa pode obter a salvação, por intercessão da misericórdia de
Deus, motivo pelo qual não pode ser encarado de ânimo leve. O verdadeiro
arrependimento obedece às seguintes condições:
- A
pessoa deve reconhecer e aceitar que pecou, arrependendo-se
verdadeiramente por o ter feito;
- A
pessoa deve voltar-se humildemente para Deus, pedindo-Lhe perdão;
- A
pessoa deve ter a sincera resolução de não voltar a cometer o mesmo
pecado;
- Caso
o pecado cometido tenha prejudicado alguém, a pessoa deve fazer tudo o que
estiver ao seu alcance para o remediar.
Isto não significa que, caso a pessoa volte a cometer
o mesmo pecado futuramente, o seu arrependimento prévio seja anulado. O que se
torna necessário é o sério compro-misso de não voltar a pecar. Visto não
sabermos o que o futuro nos reserva, a porta para o arrependimento está sempre
aberta. Deus, Aquele que perdoa frequentemente, fica feliz, quando os filhos de
Adão regressam a Si, em busca do Seu perdão infinito. O arrependimento é uma
forma de prestar culto.
Ninguém, exceptuando Deus, pode perdoar os pecados. É
proibido ao Muçulmano procurar o perdão divino através de outra pessoa, visto
os Muçulmanos acreditarem que isso seria uma forma de politeísmo.
A Estrutura Organizacional do Islão
O Islão enfatiza grandemente o relacionamento entre o
indivíduo e Deus, sendo que este relacionamento se baseia nas orientações
contidas no Alcorão e na Suna. Em contra-partida, este relacionamento irá
definir o modo como um Muçulmano se relaciona com as restantes pessoas, o que
originará justiça, organização e harmonia social.
O Alcorão diz o seguinte:
«Na verdade, o mais honrado, dentre vós, perante Deus, é aquele que é
mais temente.» [Alcorão 49 : 13]
Os sábios, os piedosos, os conhecedores do Islão e os
verdadeiros na prática religiosa são os líderes naturais do Islão.
O Islão não especifica o modo como alguém pode
tornar-se erudito. Qualquer pessoa, com inteligência suficiente, estudo e
determinação, pode procuraralmejar sê-lo. Contudo, nem todos disporão de tempo
e recursos suficientes para o conseguirem. Todas as pessoas deverão esforçar-se
para aprender o mais que puderem, embora reconheçam que Deus é Único, o
Concessor do conhecimento e da compreensão.
O erudito desempenha um papel crucial na sociedade
Muçulmana. Ele (ou ela) consagra anos da sua vida ao estudo do Islão. Não é
permitido aos eruditos perdoar pecados, abençoar pessoas ou introduzir mudanças
na lei de Deus. Eles comunicam a informação adquirida do estudo que fizeram do
Islão e da Suna e, pela sua nobreza de carácter, inspiram os outros a serem
melhores.
Determinadas pessoas utilizam a palavra “clérigo”
para descreverem um erudito Muçulmano. Contudo, trata-se de um erro. No Islão,
não existe um clero formal, pessoas ordenadas ou uma hierarquia. O
relacionamento entre o indivíduo e Deus é directo. Ninguém, senão Deus, pode
dizer o que é permitido e o que é pecaminoso. Ser humano algum pode abençoar
outro. Cada pessoa responde directamente por si, perante o Seu Senhor e
Criador.
Quando visitamos uma Mesquita, podemos ver alguém a
conduzir as orações congre-gacionais. Sempre que os Muçulmanos oram em
conjunto, escolhem alguém para liderar as orações, de modo a que lhes seja
possível orar em uníssono e em harmonia. O melhor é que, a pessoa escolhida,
seja a que possui maiores conhecimentos do Alcorão e do Islão. A esta pessoa é
dado o nome de Imame, o que, literalmente, significa: “aquele que conduz”. Ao
meio-dia das Sextas-Feiras, existe uma oração congregacional especial, à qual é
requerida a participação de todos os Muçulmanos do sexo masculino, sendo que a
participação feminina é voluntária. Esta oração semanal é precedida de um curto
sermão. Aquele que pronunciar este sermão deverá ser o mais sapiente em termos
de compreensão dos princípios Islâmicos.
A Lei Islâmica
A Lei Islâmica deriva apenas do Alcorão e da Suna do
Profeta Muhammad (r). Tal como o Alcorão, a Suna é uma
revelação de inspiração em Deus. A Lei Islâmica abrange todos os aspectos da
vida humana, desde como devemos adorar a Deus, a como nos devemos relacionar
com os outros. Deus ordena aos crentes que façam deter-minadas coisas, enquanto
proíbe outras. Somente Deus, o Omnisciente, o Justo, tem o direito de dizer o que é
legítimo ou pecaminoso e proibido. Uma sociedade Islâmica pode fazer leis que
vissem o melhoramento da qualidade de vida (ex., leis relacionadas com o
tráfico), desde que essas leis não entrem em contradição com a Lei Islâmica.
Deus, o Orientador e Dirigente, encoraja a prática de
determinadas coisas, sem as ordenar, ao passo que desencoraja outras, sem as
proibir. Todas estas injunções, consideradas em conjunto, formam a Lei
Islâmica. Se tivermos em conta que existem questões que a Lei Islâmica
considera simplesmente admissíveis, isto resulta em cinco regras básicas,
possíveis de classificar todo o comportamento humano:
1. Obrigatório;
2. Encorajado
3. Permitido
4. Desencorajado
5.
Proibido
A Lei Islâmica é de origem divina. O motivo pelo qual
obedecemos a estas leis, é porque Deus assim ordenou que o fizéssemos. Somos
encorajados a entender a sabedoria subjacente à lei; contudo, espera-se que
obedeçamos, mesmo que não compreendamos completamente o motivo porque o
fazemos. O acto de compreender é mais uma oferenda acrescida. Por exemplo,
comer carne de porco é proibido porque Deus assim o determinou. Deste modo,
abstemo-nos de a comer por esse mesmo motivo, e não porque sabemos cientificamente que este tipo de
carne contém doenças únicas, e que é o último dos alimentos saudáveis. Mesmo
que os cientistas conse-guissem criar geneticamente porcos livres de doenças,
fazendo deles a comida mais nutritiva, continuaríamos proibidos de ingerir tal
alimento. (Contudo, uma pessoa pode comer carne de porco, desde que seja para
salvar a sua vida. Caso não existem outras opções, nada há de pecaminoso em tal
acto).
As fontes da Lei Islâmica são o Alcorão e a Suna.
Deus considera politeísmo permitir a um líder religioso alterar os Seus
mandamentos, tornando legítimo o que Ele proibiu, e ilegítimo o que Ele
permitiu[20].
Neste mundo, somente Deus determina o que é legítimo e o que é pecaminoso. No
Além, unicamente Deus tem poder e sabedoria para recom-pensar os que praticam o
bem, e castigar os que praticam o mal.
As Vestes Islâmicas
O Islão promove a modéstia e procura minimizar o
vício e a imoralidade na sociedade. Uma das maneiras de o conseguir, é exigindo
o uso de vestes simples, estabelecendo padrões de decência, tanto para homens,
como para mulheres.
Na grande maioria dos países Ocidentais existem leis
que definem o que é decente ou não. Normalmente, isto significa que é exigido
ao homem que cubra os genitais e, à mulher, os genitais e os seios. Caso este
requisito mínimo não seja cumprido, a acusação máxima que pode recair sobre uma
pessoa é de conduta indecente. O motivo para a citada diferenciação nas vestes
entre homens e mulheres, são as respectivas diferenças anatómicas existentes.
O código Islâmico, em relação às vestes mínimas para
ambos os sexos, é mais conservador. Espera-se que, tanto homens, como mulheres,
se vistam de forma simples, modesta e digna. Um homem deve usar sempre vestes
largas, que não marquem o corpo, e o cubram do umbigo ao joelho. É esta a veste
masculina mínima exigida, o que significa, por exemplo, que é interdito ao
homem aparecer em público, envergando um simples calção de banho. Relativamente
à mulher, espera-se que, quando sai de casa, ela cubra o cabelo e use roupas
largas, que não lhe marquem o corpo, ocultando-lhe as formas do público;
algumas, optam também por cobrir o rosto e as mãos. A circuns-pecção subjacente
a este modo de vestir consiste em minimizar ao máximo, tanto para homens, como
para mulheres, a atracção sexual e a degradação da sociedade. Obedecer a este
modo de vestir, é obedecer a Deus. O Islão proíbe todo e qualquer apelo sexual
e envolvimento físico fora do casamento. Em contrapartida, encoraja ambos os
sexos a sentirem apelo sexual e atracção física, desde que em privacidade, e
enquanto marido e mulher.
Alguns observadores Ocidentais consideram que, o
facto da mulher cobrir a cabeça, é uma forma desta demonstrar a sua
inferioridade, relativamente ao homem. Contudo, isto não podia estar mais longe
da verdade. No Islão, uma mulher que se veste desta forma, está a exigir
respeito e, através da sua modéstia, refuta a servidão sexual. Em sociedade,
quando a mulher usa as vestes Islâmicas, a mensagem que ela transmite é a
seguinte: “Respeitai-me por quem sou. Eu não sou um objecto
sexual”.
O Islão ensina que, a falta de modéstia, tem
consequências, não apenas sobre o indivíduo, mas também sobre a sociedade, que
permite que homens e mulheres misturem-se livremente, se exponham e compitam ou
seduzam-se através da atracção sexual. As consequências de tais atitudes são
significativas, não podendo ser ignoradas. Fazer da mulher um objecto sexual
para prazer do homem não é liberalização, mas sim uma forma de desumanização,
recusada pelo Islão. A liberalização da mulher Muçul-mana assenta mais em esta
ser reconhecida pelo seu carácter, do que pela exposição dos seus atributos
físicos. Tendo em conta o ponto de vista Islâmico, a mulher “livre” Ocidental –
muitas vezes atormentada pelo seu aspecto físico, figura ou juventude, tudo em
proveito da satisfação de terceiros – encontra-se presa a uma espécie de
escravidão.
As Mulheres no Islão
Homens e mulheres são iguais perante Deus, e
responsáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além,
ambos são recompensados pela sua fé e boas acções.
O casamento é fortemente encorajado, sendo, quer um
acordo legal, quer um laço sagrado. O Islão considera todas as mulheres,
casadas ou não, um indivíduo, com os seus próprios direitos. Ela tem o mesmo
direito que o homem de possuir bens próprios, ganhar dinheiro e gastá-lo. Os
seus bens não passam a pertencer ao marido, após o casamento ou o divórcio. A
mulher tem o direito de escolher com quem quer casar, e após o casamento, não
altera o seu último nome, em virtude do respeito que tem para com a sua
linhagem. Caso o marido não trabalhe, a mulher pode pedir o divórcio.
Economicamente falando, todos os homens e mulheres
constituem uma entidade legal independente. Ambos têm direito a possuir bens
próprios, envolverem-se no mundo dos negócios e a herdarem. O direito à educação
é uma realidade para ambos os sexos, assim como o direito ao emprego, desde que
os princípios Islâmicos não sejam violados.
A busca do conhecimento é uma obrigação para todo o
Muçulmano, seja homem ou mulher. O tipo de conhecimento mais enfatizado é o
religioso. Em sociedade, é também exigida a formação de profissionais de ambos
os sexos, para benefício do público. Por exemplo, a sociedade necessita de
médicos, professores, advogados, técnicos de serviço social, e muitas outras
profissões importantes. Caso se verifique um deficit de pessoal especializado,
pode tornar-se obrigatório que homens e mulheres obtenham experiência nos
campos carenciados, de modo a preencher as necessidades da comunidade
Muçulmana. Nesta situação, as linhas orientadoras do Islão deverão ser
mantidas.
As mulheres são encorajadas a procurar o conhecimento
Islâmico, a dar prosseguimento à vida académica, desde que dentro dos
princípios Islâmicos, e a esforçarem-se por satisfazer a sua curiosidade
intelectual. Impedir que uma pessoa tenha acesso à educação vai contra os
ensinamentos do Islão.
O homem é responsável por manter e proteger a
família, satisfazendo as necessidades básicas, como é o caso de alimento, roupa
e casa para a esposa, filhos e, se necessário, outros familiares do sexo
feminino. As mulheres não têm tais responsabilidades, mesmo que casadas. O
Profeta Muhammad (r) disse que, de entre os crentes, o
mais perfeito na fé, é aquele que melhor trata a esposa.
O Chauvinismo Masculino e o Mundo
Muçulmano
São várias as pessoas que entendem o Islão como
tratando-se de uma religião chauvinista, que minimiza a mulher. Como prova do
que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmanos[21]. O
erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros
ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que,
em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em
vários países do Terceiro Mundo, a vida da mulher é horrível. Elas são
dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos.
Isto não se aplica somente aos países Muçulmanos, e nem se aplica a todos os
países Muçulmanos. O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça
trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas
culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais
comportamentos. Os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e
enfatizam de forma clara que, a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito.
Infelizmente, certas pessoas associaram,
erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda
em determinadas partes do Mundo, ao Islão. Uma dessas práticas consiste na
antiga prática pagã, da mutilação genital feminina, por vezes, erradamente
chamada “circuncisão feminina”. Esta prática teve origem no Vale do Rio Nilo e
áreas circundantes, onde ainda hoje é praticada. A sua prática é comum entre
vários grupos étnicos, de uma grande diversidade de crenças, em várias partes
de África, especialmente na África do Norte. Muitas mulheres Africanas são
vítimas deste costume bárbaro, horrível e mutilador.
A mutilação genital feminina é uma abominação,
totalmente proibida pelo Islão. É lamentável verificar que, apesar de proibida,
determinados grupos étnicos mantêm ainda esta prática, mesmo depois de terem
aderido ao Islão, levando a que certas pessoas a considerem uma prática
Islâmica. Actualmente, à medida que estas pessoas obtêm um melhor conhecimento
do que é o Islão, vão abandonando esta cruel prática pagã. No Quénia, por
exemplo, os únicos a não praticarem a mutilação genital feminina, são os
Muçulmanos.
A circuncisão masculina, contudo, é uma prática
claramente Islâmica, tendo sido, de facto, ensinada pelos Profetas e
Mensageiros de Deus, incluindo o Profeta Abraão (u). Há que evitar confundir a proibição da mutilação
genital feminina, com o incitamento à circuncisão masculina.
Uma outra prática abominável é a “morte por motivos
de honra”, quando um homem assassina uma mulher da sua família, por se sentir
desonrado e humilhado pelo comportamento por ela assumido. Este procedimento,
ainda que extremamente raro, é praticado por determinados grupos de pessoas do
subcontinente Indiano, no Médio Oriente e em outros locais. Para o Islão, trata-se
de um assassinato claro. Não é permitido, seja a quem for, matar outra pessoa,
devido a uma qualquer noção de “honra”. Isto não é exclusivo aos Muçulmanos e
aos países “Muçulmanos”, e viola a lei Islâmica. O racismo, a discriminação
sexual, e todas as formas de fanatismo ou preconceito são também proibidas pelo
Islão.
Infelizmente, o casamento obrigado é ainda praticado
em muitas sociedades tradi-cionais. Trata-se de outra prática proibida pelo
Islão. Na época do Profeta Muhammad (r), havia pais que obrigavam as filhas a casar. Quando as
mulheres se queixaram ao Profeta (r) do sucedido, ele anulava-lhes o casamento ou, então,
oferecia-lhes a hipótese de darem o casamento por terminado, mesmo que a
consumação já tivesse ocorrido. Assim sendo, o Profeta (r) instaurou o precedente claro da lei Islâmica quanto
à liberdade de escolha no casamento, pondo fim a esta prática opressiva.
Lamentavelmente, os casamentos obrigados continuam a existir em muitas partes
do Mundo, inclusive, em países “Muçulmanos”. Não obstante o facto desta ser uma
prática ilegal em quase todos os países, a grande maioria das mulheres das
sociedades tradicionais não estão a par dos seus direitos ou, então, receiam
reivindicá-los.
Todas estas práticas são contrárias à lei Islâmica,
sendo da responsabilidade de todos os Muçulmanos erradicá-las das suas
sociedades. Sim, o Islão é tolerante para com a diversidade cultural e não
acredita na erradicação dos estilos de vida de povos diferentes, nem obriga as
pessoas a abandonarem a sua identidade cultural quando abraçam o Islão.
Contudo, quando as práticas culturais de um povo transgridem a lei Islâmica, ou
privam as pessoas de dádivas de Deus, como é o caso da liberdade de escolha e
de direitos inalienáveis, então, trata-se de uma obrigação religiosa abandonar
tais práticas.
Ciência e Tecnologia
Um dos pontos de referência do Islão é a sua completa
harmonia com a Ciência. Os Muçulmanos consideram impossível existir conflitos
entre factos científicos e religião. A religião provém de Deus, o Primeiro e o Último, assim como o Universo que Ele, sozinho, criou. É
impossível a um, contradizer o outro.
Um Muçulmano assume que, tudo o que existe na criação
de Deus, é passível de explicação científica – desde a formação das estrelas e
galáxias, à origem e diversidade das diferentes espécies. Em momento algum, um
Muçulmano deve socorrer-se de milagres para explicar fenómenos naturais, visto
os Muçulmanos acreditarem que os milagres são momentos em que Deus infringe as
Suas próprias leis naturais, por um motivo especial, como, por exemplo, ajudar
um dos Seus Profetas ou responder a uma prece. As explicações milagrosas não
deverão nunca ser utilizadas para explicar algo do mundo natural, ou para
ocultar a ignorância humana relativamente a uma questão científica.
Não se verificou nunca a existência de um facto
científico ou teoria científica válida que contradiga os ensinamentos do Islão.
Seja o que for que a Ciência descubra, isso apenas aumenta o nosso conhecimento
da magnífica criação de Deus. É por este motivo que o Islão encoraja
activamente os esforços científicos, e é essa a razão porque o Alcorão
ordena-nos que estudemos os sinais de Deus na natureza. De facto, o Alcorão
contém várias referências científicas extraordinárias que, com a ajuda dos
actuais avanços tecnológicos, foram recentemente compreendidas no seu todo.
O Islão permite-nos também que desfrutemos dos frutos
do engenho humano. Somos encorajados a esforçarmo-nos para melhorar o mundo. Os
avanços tecnológicos são bem recebidos pelo Islão. A tecnologia pode ser usada
para o bem, ou para o mal. Em si, a tecnologia é neutra. É da nossa
responsabilidade utilizarmos o conhecimento com que Deus nos abençoou, para
benefício de toda a Humanidade.
Nos primeiros dias do Islão, quando as pessoas
aderiram às suas crenças e princípios, verificou-se um florescimento da
ciência, da cultura, do comércio e da tecnologia. Os eruditos do mundo Islâmico
envolveram-se em pesquisas, que levaram a avanços no campo das matemáticas, da
química, da física, da medicina, da astronomia, da arquitectura, da arte, da
literatura, da geografia e da história, entre outros. A título de exemplo, e
para nomearmos algumas das invenções dos cientistas Muçulmanos, podemos referir
a bússola, o astrolábio e o relógio de pêndulo. Vários sistemas críticos, como
é o caso da álgebra, da numeração árabe (que é a que actualmente utilizamos), e
o próprio conceito do zero (vital para os avanços matemáticos), foram
introduzidos na Europa Medieval por intermédio dos eruditos Muçulmanos. Os
ensinamentos Islâmicos foram responsáveis por este conhecimento científico que,
eventualmente, inflamaram e propulsionaram o Renascimento Europeu. Somente
depois das pessoas começarem a afastar-se das crenças e princípios Islâmicos
originais, é que as descobertas e os avanços científicos do mundo Muçulmano
entraram em decadência, caindo-se na obscuridade.
Resumo
O Islão é…uma religião de justiça, paz, misericórdia e perdão,
uma fé muitas vezes incompreendida e deturpada. Islão significa submeter-se à
Vontade de Deus, é o caminho a seguir por aquele ou aquela que escolhe aceitar
que existe um único Deus, e que ninguém mais, senão Ele, merece ser adorado.
Este mundo é temporário apenas, não passa de um teste para a Humanidade, após o
qual todos nós morremos e regressamos a Deus, o Tomador. A vida no Além é para sempre. Deus, a Luz,
visando a orientação dos filhos de Adão (u), enviou-nos os Profetas Abraão (u), Moisés (u), Jesus (u), Muhammad (r), todos os Profetas do Islão, tendo escolhido
Muhammad (r) para ser o Seu último Profeta e
Mensageiro, honrando-o com o privilégio de revelar o Alcorão por seu
intermédio. O Alcorão é o discurso directo e inalterável de Deus, não a palavra
de Muhammad (r), um iletrado. Deus preservou o
Alcorão, com os seus ensinamentos, para
toda a Humanidade.
Os cinco actos fundamentais de adoração Muçulmanos
são os seguintes:
1. Testemunhar que não existe outra
divindade, excepto Deus, e que Muhammad é o Seu Mensageiro;
2. Orar cinco vezes ao dia;
3. Pagar as esmolas anuais;
4. Jejuar durante o Ramadão;
5.
Ir em Peregrinação a Meca.
Deus determinou que não existe compulsão alguma na
religião. Os direitos humanos e o livre arbítrio são sagrados. No Islão, as
mulheres desempenham um papel deveras importante, sendo iguais aos homens, e
exigindo-se que estes as respeitem.
No Alcorão, Deus refere que completou o Islão como
religião, destinado a toda a Humanidade, terminando, assim, o Seu auxílio para
connosco. Deus preparou-nos a luz do Islão, enquanto guia para o regresso a Si
da Humanidade.
Nota do Editor
Os cientistas disseram-nos que o espaço contém cerca
de 120 biliões de galáxias. Sabemos que cada um de nós foi criado por Deus, o Magnífico, a partir de uma única célula.
Quando penso nisto, não posso deixar de sentir-me humilde e compreender a minha
extrema insignificância perante o extraordinário esplendor da Luz de Deus.
Satanás jurou enganar a Humanidade, trazendo-nos a incompreensão, a
animosidade, o ódio e a guerra. O motivo pelo qual cumpro a minha parte,
opondo-me a Satanás, é o de agradar ao meu Senhor, promovendo a paz através da
compreensão.
A vida é curta e preciosa; seria trágico
desperdiça-la, acumulando bens materiais, enquanto esquecemos o verdadeiro
objectivo da criação: adorar a Deus somente. A grande maioria das pessoas
desperdiçam as suas preciosas vidas, acumulando apenas riquezas materiais
temporárias. Através do Islão, Deus convida-nos a voltarmos para o que é
eterno, o que não tem fim. No Dia do Juízo Final, seremos responsáveis pelo que
sabemos e pelo que fizemos com o que sabemos. Seremos questionados sobre o modo
como prestámos culto. Agora, é o momento para prepararmos a resposta a dar.
Este livro baseia-se em conferências que dei sobre o
Islão, nas últimas duas décadas. Tal não seria possível sem a misericórdia de
Deus e a ajuda e o amparo dos meus irmãos e irmãs. Agradeço a vós, meus
leitores, pelo vosso tempo e interesse em compreender o Islão, a fé de um
quinto da população mundial. As vossas questões são também bem vindas, assim
como os vossos comentários e impressões, tendo em conta o trabalho futuro.
Convido-vos a partilhar parte ou a totalidade deste material com outros.
Peço-vos apenas que não citem a informação aqui contida fora de contexto.
Caso o meu trabalho tenha ofendido alguém, por favor,
perdoem-me. Atendendo à minha paixão pelo Islão, exprimo fortemente a minha fé.
Tenho grande consideração pela escolha individual e respeito as diferenças. A
compreensão e a justiça são o caminho para a paz e, visto no Ocidente o Islão
ser frequentemente entendido com uma religião de fanáticos de espírito
limitado, sinto ser vital que eu transmita a minha fé numa linguagem clara e
não ambígua, para corrigir as concepções erróneas.
Que Deus vos abençoe a todos, concedendo-vos
orientação. Qualquer bem que advenha deste trabalho, deve-se à benevolência de
Deus e, caso eu tenha dito algo inútil, foi por defeito meu. Deus, o Altíssimo
e Amante, é perfeito.
“Ó, Todo Ouvinte, protege-nos do mal e guia-nos para a
verdade”.
Que a paz esteja com aqueles que seguem a Orientação
Correcta,
Pete Seda
All About Islam Introduction and its Principles in Portuguese Language Tudo sobre o Islã Uma Introdução ao Islão e aos seus Princípios
All About Islam Introduction and its Principles in Portuguese Language Tudo sobre o Islã Uma Introdução ao Islão e aos seus Princípios:
[1] O símbolo (r) significam “Que a Paz e as Bênções estejam com ele”. É tradição
Islâmica fazer prece pela paz e benções de todos os Profetas e Mensageiros de
Deus. Respeitar os representantes de Deus equivale a respeitar o próprio Deus.
[2] As palavras em negrito ao longo do texto indicam, ou um
versículo do Alcorão, ou um dos nomes e atributos de Deus.
[3] Alguns Muçulmanos sentem incómodo por chamarem “religião”
ao Islão, visto o Islão não ser uma fé institucional. Em Árabe, o Islão é
apresentado como tratando-se de um Din,
um “Modo de Vida”. O mesmo se passava com os primeiros Cristãos, que apelidavam
a sua fé de “O Caminho”.
[4] Neste contexto, “voluntariamente” significa muito mais do
que “não ser coagido”. Significa submeter-se a Deus sem motivos escondidos ou
reservas, e com genuína sinceridade.
[5] O símbolo (u) significam “a paz esteja com ele”, o termo de respeito que, segundo a
tradição Islâmica, os Muçulmanos concedem a todos os Profetas e Mensageiros de
Allah, assim como aos Seus anjos, quando se lhes dirigem pelo nome.
[6] Os diferentes evangelhos da Bíblia actual foram escritos
por outros autores, após a época de Jesus (u). O Injil mencionado no
Alcorão faz referência apenas às revelações transmitidas por Jesus (u), filho de Maria.
[7] Os Profetas mencionados no Alcorão são: Adão, Enoch (Idris), Noé, Hud, Salih, Abraão, Lot,
Ismael, Isac, Jacó, José, Shu’ayb, Job, Moisés, Aarão, Ezequiel, David,
Salomão, Elias, Eliseu, Jonas, Zacarias, João Baptista, Jesus e Muhammad (que a
paz esteja com todos eles).
[8] Deus revelou o seguinte a Muhammad (r):
«Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): Observai a religião e não sejais dividos por ela; na verdade, os idólatras se ressentiram daquilo a que os convocaste. Deus elege quem Lhe apraz e encaminha para aquele que se volta para Ele. » [Alcorão 42 : 13]
[9] Alguns Muçulmanos referem-se aos seguintes versículos
Bíblicos, como predição de Muhammad (r): [Deuterónimo 18:15, 18:18; João 1:19 – 21, 14:16, 14:17, 15:26, 16:7
– 8, 16:12 – 13].
[10] Esta negação significa que nada mais deve ser adorado, a
não ser Deus, que nada mais possui divindade, exceptuando Deus, que nada nem
ninguém partilha dos atributos de Deus, e que nada nem ninguém pode ser o
criador ou o sustentáculo da criação, com excepção de Deus, o Qual não possui
igual ou associado.
[11] As pessoas podem perguntar o seguinte: “Se o Islão ensina
que todos os Profetas e Mensageiros são iguais, então, porque motivo no
testemunho de fé se afirma a Profecia de Muhammad, sem se mencionar os
restantes Profetas? Há que ter em conta que, nem todos aqueles que afirmam a
Profecia de Muhammad (r), conhecem todos
os Profetas e Mensageiros de Deus que o precederam. Se, por exemplo, alguém
testemunhasse: “Não existe outra divindade, excepto Deus, e Moisés é o
Mensageiro de Deus”, isto não significaria necessariamente que a pessoa
aceitasse todos os Profetas e Mensageiros que procederam a Moisés (u), como é caso de Jesus (u) ou Muhammad (r).
[12] O Islão exige castidade e proíbe as relações sexuais
extra-matrimoniais ou pré-matrimoniais.
[13] No Islão ensina-se
que “o espírito santo” é o Anjo Gabriel, o qual, em hipótese alguma, deverá ser
adorado. (Acreditar na Santíssima Trindade viola, claramente, o ponto fulcral
da fé Islâmica – o monoteísmo).
[14] Ver Joseph van Ess, “Muhammad
e o Alcorão: Profecia e Revelação”, em “Cristianismo
e as Religiões Mundiais: Caminhos para o Diálogo com o Islão, Hinduísmo e
Budismo”, editado por Hans Kung (Garden City, NY: Doubleday & Co.,
1986); e Michael Sells, “Uma abordagem ao
Alcorão: as Primeiras Revelações”, (Ashland, OR: White
Cloud Press, 1999).
[15] O Alcorão consiste em 114 capítulos, e é um único livro,
ao contrário das várias versões Bíblicas actuais. Os Cristãos Protestantes
contam com 66 livros, e os Cristão Católicos Romanos com 72, isto sem referir
os que existem em outras versões, e que contabilizam muito mais.
[16] No Islão é ensinado que, para um acto de adoração ser
aceite por Deus, há que cumprir duas condições: em primeiro lugar, a intenção deve ser a de agradar a Deus e, em
segundo, o acto deve ser feito de acordo com a Suna do Profeta Muhammad (r).
[17] Os Jinn foram
criados antes de Adão, dispondo de livre arbítrio. Os que desobedecem a Deus,
são demónios. Eles habitam na Terra, entre nós. Podem ver-nos, mas nós não os
podemos ver, a menos que eles mesmos decidam tornar-se visíveis. A feitiçaria,
igualmente proibida pelo Islão, é praticada por sua intercessão.
[18] Foi na antiga cidade de Nicea (a qual se localiza
actualmente na moderna Turquia, a cerca de 700 milhas ou 1100 km nor-nordeste
de Jerusalém, perto da capital Romana oriental), que teve lugar o Primeiro
Conselho de Nicea, 325 anos após o nascimento de Jesus (u). Foi nesse Conselho que, por maioria, Jesus foi proclamado divindade,
e não Profeta ou Mensageiro de Deus. O conceito da Santíssima Trindade
baseia-se na declaração de que Jesus (u) é o mesmo e igual a Deus. Isto é uma contradição directa aos
princípios Abraâmicos de monoteísmo, os quais o próprio Jesus (u) apelou aos povos que aceitassem.
[19] Embora Cristãos e Judeus possam violar alguns dos
princípios monoteístas da fé Abraâmica original, o Islão refere-se-lhes como “O
Povo do Livro”. Eles são assim designados por terem recebido leis e Escrituras
reveladas por Deus, e reconhecerem alguns dos Seus Profetas.
[20] Inicialmente, a usura, ou a cobrança de juros, era
proibido pelo Judaísmo, Cristianismo e Islão. Todavia, os Cristãos da Europa da
Idade Média começaram, gradualmente, a alterar esta proibição. Actualmente, até
países “Islâmicos” permitem esta violação tremenda à lei de Deus.
[21] Infelizmente, o facto de se tratar de um país “Muçulmano”,
não significa necessariamente que o governo ou o povo obedeçam à lei Islâmica (Shari’a).
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